Política
Disputa acirrada pode
atrasar divulgação de resultados
Romey x Obama: empate nas pesquisas pode se repetir
no colégio eleitoral
"Esta
pode ser outra eleição decidida pela justiça", disse Paul Sracic,
professor de Ciências Políticas da Universidade Estadual de Youngstown, Ohio, à
agência AFP.
A legislação
eleitoral nos Estados Unidos prevê que o mandatário seja escolhido por um
colégio eleitoral. Desta forma, o candidato mais votado em um determinado
estado leva a totalidade de votos desse estado. O número varia de acordo com a
população e a quantidade de deputados e senadores.
Colégio eleitoral - Com o
sistema de colégio eleitoral, é possível que o candidato mais votado não seja
necessariamente o vencedor das eleições. A história mais recente desse tipo
aconteceu em 2000, quando George W. Bush venceu Al Gore, apesar de ter tido
aproximadamente 500.000 votos a menos que o democrata na contagem geral. O que
fez a diferença a favor do republicano foram os votos da Flórida – estado que
tem 29 delegados no colégio eleitoral.
Em 2000, a
Suprema Corte de Justiça decidiu a favor de Bush após uma recontagem dos votos
na Flórida, já que houve um empate virtual com Al Gore. Quatro anos depois,
Bush conquistou a reeleição graças a uma vitória por apenas 119.000 votos em
Ohio, estado com 18 votos no colégio eleitoral.
Outro cenário possível diante da disputa acirrada que se anuncia entre
Obama e Romney é a possibilidade de haver um empate. Se cada um deles somar 269
dos 538 votos do colegiado, há uma probabilidade de a Casa Branca ser ocupada
por um presidente republicano e um vice democrata ou vice-versa. Isso porque a
decisão sobre a disputa presidencial será responsabilidade da Câmara de Deputados,
controlada pelos republicanos. Porém, o vice-presidente pode ser escolhido pelo
Senado, dominado pelos democratas. A única vez que o país teve um presidente de
um partido e um vice de outro foi há mais de 200 anos, no governo de John Adams
(federalista) e Thomas Jefferson (democrata-republicano).
Batalha nos tribunais - Diante deste
cenário, as respectivas campanhas já se preparam para uma eventual batalha nos
tribunais em caso de empate. "Minha impressão é que, em nível nacional, os
dois campos mobilizaram exércitos de milhares de advogados", disse Edward
Foley, diretor do programa de direito eleitoral na Universidade Estadual de
Ohio.
A
mobilização de advogados é uma tendência crescente desde 2000, ano do impasse
entre Bush e Gore definido pela Suprema Corte.
"As campanhas sabem que em eleições acirradas talvez tenham que lutar por
uma recontagem ou ir ao tribunal", disse Rick Hasen, especialista em
Direito Eleitoral da Faculdade de Direito de Irvine, na Universidade da
Califórnia, e autor do livro "The Voting Wars" ("As guerras do
voto").
Com a ajuda
de voluntários, os advogados da campanha democrata utilizarão um sistema de
computação especialmente elaborado para rastrear incidentes em locais de
votação em tempo real. Já os republicanos recorrerão a uma rede de
simpatizantes com smartphones para reportar rapidamente irregularidades.
Nos Estados
Unidos, não há um sistema eleitoral nacional. Cada estado tem autonomia para
determinar a melhor maneira de contar seus votos. Em Ohio, por exemplo, no caso
de uma pequena margem de diferença entre os candidatos, os condados têm até 27
de novembro para confirmar os resultados e enviá-los ao secretário Jon Husted,
que pode ordenar a recontagem dos votos. Desta forma, na prática, qualquer
recontagem dificilmente teria início antes de dezembro.
Outra
incerteza para as eleições deste ano está relacionada a possíveis dificuldades
na costa leste pela passagem da tempestade Sandy, que devastou a região na
semana passada, e algumas seções de votação podem ficar indisponíveis.
Voto antecipado - Nos Estados
Unidos, é permitido votar antes do dia oficial das eleições, dependendo do
estado do eleitor, de duas formas: comparecendo a um posto de votação ou
enviando o voto por correio.
A primeira forma é conhecida como eleição antecipada presencial e, como o
próprio nome diz, exige a presença dos eleitores no momento da votação, um
direito que não exige qualquer justificativa ou explicação, na maioria dos
estados, e que tem como objetivo aumentar a participação da população no processo
eleitoral e não congestionar as urnas no dia oficial da eleição. A segunda
forma permite que eleitores distantes do país ou sem condições de deixar suas
residenciais também votem.
Segundo analistas, 40% dos americanos que irão votar devem comparecer às urnas
antecipadamente. A parcela da população que costuma votar antes, de forma
presencial, é constituída em sua maioria por trabalhadores, já que as eleições
são realizadas em um dia de semana, e tende a apoiar os democratas. O voto à
distância, por sua vez, é popular entre os eleitores militares e tende a
favorecer os republicanos. O problema é que esses votos não podem ser
contabilizados até 10 dias depois da eleição.
Depois de
toda a disputa nas urnas, o vencedor será proclamado apenas no dia 17 de
dezembro pelo colégio eleitoral. A posse ocorre em janeiro do ano que vem.