segunda-feira, 12 de março de 2012

atualidades

guerra civil e terrorismo

 múltiplo atentado terrorista sofrido pelos EUA no dia 11 de setembro representa um divisor de águas na Ordem Mundial. Pela primeira vez, o território americano foi atingido, justamente em seus maiores símbolos, econômico-financeiro e militar. Tendo participado de todas as grandes guerras do século XX, jamais seu território metropolitano fora alcançado. Os cidadãos daquele país estavam acostumados a ver semelhantes imagens na ficação cinematográfica (desde A guerra dos mundos, de Orson Welles, nas vésperas da II Guerra Mundial) ou em outros países, através dos noticiários da CNN, sem se importar muito. Hoje, são eles as vítimas.
O atentado golpeou não apenas a maior potência do planeta, mas o centro econômico e simbólico do Ocidente capitalista. Nova York é familiar a todos, pelo menos através do cinema, como símbolo do American way of life, mas, igualmente, trata-se de uma cidade internacional, centro do poder financeiro mundial e das Nações Unidas. Washington, particularmente o Pentágono, constitui o núcleo e o ícone do poder político-militar da maior potência de todos os tempos. Quando algo desta magnitude e natureza ocorre, é preciso, antes de buscar as respostas, fazer as perguntas adequadas: como algo assim pode ocorrer, a quem interessaria (considerando a reação que virá) e, especialmente, quais as conseqüências e significados?
O fim da guerra fria, ao contrário de muitas previsões apressadas, criou um mundo de instabilidade, pois privou Washington de um inimigo definido, que disputava, mas negociava os conflitos localizados. Era um cenário com forte previsibilidade. Aliás, a América estruturou-se como potência mundial em contraposição ao outro. E este é, hoje, um inimigo sem rosto e sem endereço.
Muitos conflitos regionais perderam a importância estratégica, e foram abandonados à própria sorte, evoluindo de forma anárquica (como na África e Ásia central), gerando movimentos políticos aparentemente irracionais. Antigos aliados, entre os quais os fundamentalistas, que a CIA armou contra os soviéticos, se converteram em rebeldes sem causa, e acabaram se voltando contra os EUA. O cenário internacional, literalmente "privatizado", é hoje um excelente campo de ação para grupos de todo tipo, muita vezes confusos politicamente, mal orientados ou manipulados.
Certamente, isto teria consequências político-militares expressas de forma irracional na medida em que desapareceu a anterior estrutura internacional que permitia um equilíbrio entre potências, bem como uma ação política de perfil "moderno". Daí o emprego de métodos terroristas numa escala, agora, sem precedentes. Ninguém, em nenhuma parte do mundo, está mais a salvo. E nada indica que este novo tipo de conflito "pós-moderno" não venha a se intensificar no futuro, pois vem crescendo há anos.

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