Reis e rainhas, direita e esquerda e as duas faces de uma mesma moeda constituem uma constelação de dualismos que a arte registrou durante séculos em diferentes suportes, e que o Museu de História da Arte em Viena recolhe agora em uma mostra intitulada "The Other Half" ("A Outra Metade").
Nesta ocasião, a galeria reúne cerca de 80 peças que percorrem um período de mais de 4.000 anos de história, desde o Antigo Egito até o Barroco, passando por Grécia, Roma e Constantinopla.
"O tema da exposição é dedicado à alucinante diversidade das representações de casais", assinala Sabine Haag, diretora-geral do museu, em um texto publicado pela própria pinacoteca.
Um par de pistolas, um par de armaduras, um par de anéis, um par de brincos, um par de sapatos, um par de esporas... Desde casais de quadros até quadros de casais, tudo nesta exposição remete ao duo e à outra metade.
Um dos temas mais clássicos vinculados ao conceito "casal" é, sem dúvida, o amor, por isso que a mostra apresenta vários objetos e imagens nas quais se pode ver duas pessoas apaixonadas, cenas do casamento e momentos da vida em comum.
É o caso dos bustos do rei espanhol Felipe III (1578-1621) e da rainha Margarida da Áustria (1584-1611), assim como também retratos do também hispânico Felipe, o Formoso (1478-1506) e sua irmã Margarida (1480-1530), filhos do Imperador Maximiliano I de Habsburgo (1459-1519).
Outro dos casais mais conhecidas é Adão e Eva, motivo religioso que ao longo dos séculos foi reinterpretado várias vezes e que o museu apresenta em suas diferentes fases: desde a vida no paraíso até a expulsão do Éden após ter comido o fruto proibido.
Além de temas bíblicos, a mostra também seleciona algumas obras de caráter mitológico, como a "Perseguição de Zeus a Ganímedes" (480 a.C.) e "Europa e o Touro" (330-320 a.C.), duas peças desenhadas sobre cerâmica grega.
No entanto, os casais não se reduzem apenas ao âmbito amoroso: irmãos, amigos, um artista e seu modelo, ou duas pessoas do mesmo sexo também têm cabimento nesta exibição.
Tradicionalmente, o ser humano sempre buscou sua outra metade para se sentir completo, ânsia que, como bem demonstra a famosa galeria de Viena, deixou uma ampla marca em todo tipo de manifestações artísticas.
Mas o duplo nem sempre implica harmonia ou equilíbrio.
Duas rãs enredadas em um furioso combate de esgrima, um par de escopetas para caçar e um encontro fictício entre os filósofos gregos Heráclito e Demócrito, pensadores descritos como opostos, constituem outro tipo de duplas menos convencionais.
Outra obra, intitulada "Velho e Moça" (1530-1540), do alemão Lucas Cranach, retrata a temática da luxúria com um casal desigual, onde um homem de avançada idade tenta seduzir uma jovem enquanto a presenteia com um anel de ouro.
"A cor e a forma (do quadro) são muito especiais, não se pode expressar a pintura com palavras porque, se não, ninguém a pintaria", declarou à Efe um artista que, além de ter visitado a exposição, copiava a obra "Ansegisus e Hl. Bega" (1612-1615) do grande mestre flamengo Peter Paul Rubens.
Esta mostra, organizada por dez conservadores da pinacoteca, faz parte da série "Intermezzo", com a que o museu seleciona diversas obras de todas suas coleções e as apresenta sob uma temática conjunta.
A exposição poderá ser visitada até o começo de setembro e, como "homenagem" a esta seleção de peças, o museu lançou uma tarifa especial para casais na qual podem ser adquiridos dois bônus anuais pelo preço de 55 euros.
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