sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A arte de Ouro Preto - Artes

Fotomontagem: teto da igreja São Francisco de Assis (centro), medalhão frontispício igreja São Francisco de Assis (alto esquerda) e igreja N.Sra. do Rosário (direita)
Fotomontagem: teto da igreja São Francisco de Assis (centro), medalhão frontispício igreja São Francisco de Assis (alto esquerda) e igreja N.Sra. do Rosário (direita)

O maior conjunto barroco do mundo. Uma cidade setecentista
em pleno séc. XXI. Anacronismos à parte, a antiga Vila Rica foi palco da vaidade, da soberba, da competição e da genialidade humana. Sentimentos muito atuais hoje, mas que naquela época eram
traduzidos com estilo, com orgulho. A arte era resultado de
anos, da paciência e da entrega absoluta.

Igreja São Francisco de Assis
 
De nada adianta todo o ouro do mundo se não é possível ostentá-lo. Não foi diferente na Vila Rica. A fé foi uma das válvulas de escape para o poder acumulado por setores da emergente sociedade mineira do séc. XVIII. Poderosas e seculares ordens religiosas retratavam a segmentação da população. A ordem dos poderosos, dos negros, dos pardos... Cada qual tinha por finalidade construir a mais bela igreja, demonstrar sua força e influência. Deu-se início a um tipo de competição não declarada, cujo combustível era o metal amarelo, que se esparramou por altares, imagens e demais instrumentos litúrgicos. Minas vivia uma espécie de Renascimento, onde figuravam mecenas, desabrochavam as artes e nasciam gênios.
No vaivém dos telhados, na espremida confusão do casario geminado. Os palácios, as pontes e os chafarizes... O barroco europeu aqui chegou e se adaptou. A geografia conferiu singularidade ao barroco mineiro. A montanha transforma o espírito, ensimesma a criatividade. Olhando tudo o que foi construído dá para imaginar o barulho incessante das ferramentas, igrejas se elevando ao céu, quilômetros de túneis ocultando conchavos; é isso que fascina em Ouro Preto.
São muitas e deliciosas histórias. Mestres como Ataíde, Xavier de Brito, Servas e outros tantos circulando pelas ruas, quando não estavam enfurnados em templos, na labuta da arte. O mais conhecido foi Antônio Francisco Lisboa, eternizado como Aleijadinho, gênio pardo e acometido de terrível doença deformadora. Aleijadinho sintetiza a falência do conceito bem e mal. Foi o feio que produziu o belo, o monstro que produziu anjos... Ouro Preto é assim: fé interessada, inconfidentes heróis. Quem visita a cidade deve perceber que ela brinca com referenciais infantis, abusa e funde contrários.
Na efervescência cultural do séc. XVIII também têm espaço os poetas, a música e sempre ela, a política. O amor proibido entre Tomás Antônio Gonzaga e sua eterna Marília. Ele, nobre e inconfidente; ela, outrora próxima e agora proibida. Ambos apaixonados. É atribuída a ele a publicação anônima "Cartas Chilenas", onde ocultamente denunciava os desmandos do ex-governador Cunha Menezes, chamado "Fanfarrão Minésio". O mitológico Chico Rei, monarca na áfrica, escravo em Minas. Trabalhou nas minas, comprou sua liberdade e a de seus súditos. Mandou construir seu templo e morreu respeitado. Na Vila Rica o único valor era o ouro, não importava a que pertencesse. Em Ouro Preto as paredes falam, cantam seus versos, sufocam a dor. Revelam mais que sua aparente arquitetura.
 
Museu da Inconfidência

Fachada de casa no largo da Alegria

O encanto das vielas de Ouro Preto Museu Aleijadinho (anexo à matriz N.Sra. da Conceição)
Matriz N.Sra. do Pilar Imagem de N.Sra.do Rosário (matriz do Pilar) Chafariz dos Contos, o mais famoso de Ouro Preto

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