São Paulo - Igor Figueiredo é um homem que, à primeira vista, aparenta ser mais ameaçador dentro de um ringue de boxe do que na mesa de sinuca. Com seu porte sólido (1,91 de altura e 115 quilos), é fácil imagina-lo nocauteando um adversário com um cruzado de direita; qualquer pessoa sensata pensaria duas vezes de entrar numa briga com ele.
Não seria tão óbvio, por outro lado, concebê-lo empurrando suavemente pequenas bolas coloridas, durante horas seguidas, em caçapas que, de tão apertadas, demandam uma precisão quase cirúrgica do jogador. Mas é com o taco em mãos – e não com a luva de boxe – que Igor Figueiredo pratica a sua arte desde os cinco anos de idade.
Aos 34 anos, Figueiredo é o maior jogador de sinuca do Brasil da atualidade e, talvez, da história. Além do recorde de quatro títulos brasileiros (em 1996, 99, 2005 e 08), ele é o único atleta do país a já ter disputado o Main Tour, um circuito internacional restrito aos 100 melhores jogadores do mundo. Seus números superam (e com folga) até mesmo os do mítico Rui Chapéu, que ganhou fama dando aulas de bilhar na Rede Bandeirantes na segunda metade da década de 1980. Rui, por exemplo, nunca foi campeão nacional.
“Enfrentei o Rui pela primeira vez aos 13 anos”, conta Figueiredo. “Perdi e fiquei em terceiro lugar no torneio. Dois anos depois, um cara se ofereceu para me bancar num jogo apostado contra ele, em Belo Horizonte. Dessa vez, ganhei a partida e 12 mil dólares.”
Ver Figueiredo jogando sinuca é como presenciar um matemático solucionando uma equação; você pode entender o resultado final, mas não tem ideia de como ele chegou até lá. A partir do momento em que a mesa está aberta, sequências de 15 ou 20 bolas não são raras para Figueiredo. Em duas ocasiões na carreira, ele afirma, chegou a matar 36 seguidas, alcançando a pontuação máxima do snooker inglês, de 147 pontos.
Único azar de Igor Figueiredo foi ter escolhido um esporte que, no Brasil, rende pouquíssimo dinheiro aos atletas
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