Cabeça de Medusa - Michelangelo Merisi Caravaggio (1598)
A cabeça de Medusa - de Caravaggio, 1597 |
"Caravaggio recria a figura de Medusa, besta mitológica transformada em escoria por ofender à divinidade Atena (na mitologia grega, é considerada a deusa da sabedoria, da estratégia e da guerra justa).
É uma teia(estrutura laminar flexível), em forma de tondo (forma de disco).
Michelangelo Merisi da Caravaggio foi um importante pintor italiano do final do século XVI e início do XVII. Este artista barroco nasceu na cidade de Milão em 29 de setembro de 1571.
O quadro CABEÇA DE MEDUSA mostra uma cabeça de mulher com os cabelos arrepiados, sangue brotando do pescoço. Muitos críticos de arte foram duramente feridos em sua sensibilidade por esta obra, a que é considerada a mais sangrenta de Caravaggio.
"A obra é o escudo espelhado, côncavo, no qual Medusa vê a sua própria imagem; é arte direta, despida de adereços, adornos, anexos e redundâncias. A obra é o escudo espelhado que reflete Medusa observando a própria morte no exato instante da sua ocorrência. O que ela vê é o próprio olhar horrorizado ao contemplar-se a si mesma, ao ver-se petrificar. Vê, tal como nós, o seu estertor de morte; a sua cabeça solta esguichando sangue ao golpe da espada de Perseu.(Vide lenda abaixo)
A imagem da própria cabeça é a imagem cristalizada do momento da própria morte na superfície côncava do escudo (é, à sua maneira, uma fotografia com tudo o que de morte a fotografia encerra, pois capta um momento único e irrepetível no espaço e no tempo"
Pode-se perceber a genialidade no jogo psicológico deste objeto-pintura que reside num fator perturbante – a representação do reflexo de Medusa no escudo é um auto-retrato de Caravaggio travestido de Medusa. A representação que o artista nos dá a ver de si próprio é a representação máxima do horror, da definitiva e absoluta vertigem do momento da morte. Representou no espelho, no escudo côncavo de Perseu, a imagem que viu de si no espelho real imaginando-se a morrer como Medusa. Esta obra é, por isso, um duplo espelho, real e mitológico. Esta duplicidade atravessa aliás toda a obra do artista que sempre usou para as suas composições pictóricas pessoas comuns, o “homem da rua” como modelo das personagens bíblicas e mitológicas."
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