sábado, 6 de abril de 2013

Inhotim

Na serra mineira, Inhotim é complexo de arte cercado de verde

MARÍLIA MIRAGAIA
da Revista da Folha

A fazenda de "Nhô" Tim não existe mais. A propriedade localizada a 60 km de Belo Horizonte, no município de Brumadinho, ganhou ares de museu a céu aberto.

Cercado por serras, onde imperam, à noite, brumas, o cenário mineiro hoje abriga o Instituto Inhotim, que preserva o nome do antigo proprietário. Aberto ao público desde o fim de 2006, o espaço cultural viu florescer dez galerias de arte contemporânea, que se espalham por 645 hectares de uma extasiante paisagem.
Roberto Murta/Divulgação

Jardins de Inhotim ainda preservam traços de Burle Marx, cujo centenário de nascimento é em agosto


Nomes fundamentais da produção brasileira, como Cildo Meireles e Tunga, e destaques do panorama mundial, como Victor Grippo e Matthew Barney, foram parar no interior das Gerais.

Tudo começou quando o colecionador Bernardo Paz doou parte de seu acervo para o que hoje se converteu em um complexo museológico. O projeto está de pé com a curadoria de Allan Schwartzman, Jochen Volz (cocurador da 53ª Bienal de Veneza) e Rodrigo Moura (curador da Paralela 2008).

No cenário, ainda há traços das curvas do projeto original de Burle Marx (1909- 1994), além de uma coleção botânica com mais de 2.100 espécies, que conserva trechos de mata nativa.

Árvores, como um gigantesco tamboril, convivem com atrações como a "Magic Square # 5", criação de Hélio Oiticica (1937-1980).
Carlos Reis/Divulgação

Praça com altas paredes com cores contrastantes foi feita a partir do projeto de Hélio Oiticica "Magig Square # 5"


Separados por alamedas e lagos, estão instalações como as de Janet Cardiff e de Doris Salcedo, que incitam sensações controversas em seus visitantes.

A primeira, "Forty Part Motet", é sublime. Em uma sala, 40 pequenas caixas acústicas reproduzem o coro da catedral de Salisbury, que entoa uma composição de 1575. Já "Neither", da colombiana Doris Salcedo, oferece uma experiência asfixiante e vertiginosa. Em seu cômodo completamente branco, paredes revestidas por grades e gesso remetem à opressão de um campo de concentração.

Apesar de seu tamanho colossal, Inhotim não tem placas: cada visitante descobre sua maneira própria de aproveitar o lugar. Por ali já passou, por exemplo, uma excursão de freiras. "Ficamos impressionados.

Elas se relacionaram muito bem com as obras", conta Maria Eugênia Repolês, 27, educadora pós-graduada na Escola Guignard (MG), que formou Amilcar de Castro (1920-2002).

Ao passar por uma instalação -um globo que em seu interior tem uma fonte de água iluminada por raios de luz estroboscópica-, as visitantes tomaram um "banho de arte". "As freiras brincaram e saíram molhadas", relata a funcionária.

Crianças também são bem-vindas. Certa vez, um grupo delas se recusou a entrar na instalação "Através", de Cildo Meireles, um conjunto formado por barreiras de diversos materiais sob um chão de vidro estilhaçado. Mas, depois, surpreenderam os monitores interagindo com as obras e provando que arte não é só para ver.
Carlos Reis/Divulgação

Em sua obra "True Rouge", pernambucano Tunga exibe diversos materiais tingidos em tons de vermelho


Um comentário:

  1. Inhotim, é um espaço contrastante em meio a uma metrópole, que nos possibilita sentir diversas sensações com obras e galerias planejadas por excelentes artistas, além do contato constante com a natureza... Um ótimo lugar!
    (Comentário feito por Sabrina Pavlovic, aluna do F9A)

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